sábado, 14 de novembro de 2009

Porque o mundo é Redondo???

As aspas de hoje são do nosso excelentíssimo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diante delas eu fiquei sem palavras! rs



Fui pesquisar sobre a repercussão que este discurso teve na mídia e aí uma surpresa ainda maior ele não apareceu na capa dos principais jornais, ou melhor, nem foi citado! Achei um texto interessante da Maria Helena de Sousa e separei alguns trechos divertidos sobre o assunto...

Em qual dos dez volumes de sua obra, caro Doutor Freud, o senhor trata do caso das intempéries? O senhor alguma vez pensou que seria citado pelo presidente do Brasil a respeito de um apagão que durou uma eternidade e deixou mais da metade do país no escuro? Quem mandou o senhor dizer que uma das coisas que o homem não controlaria seriam as intempéries? Viu no que deu? As suas palavras servirão de desculpa, e que desculpa!, para qualquer apagão que nos deixe sem luz.

"Eu já disse várias vezes: Freud dizia que tem algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma delas era (...) as intempéries”. Coitado de Freud, servindo como testemunha de defesa do Governo Lula! O Presidente Lula nos lembra ainda que “nós humanos temos um problema imenso. Infelizmente não controlamos chuva, vento, raio. Sempre quisemos, mas não conseguimos ainda". São as tais das intempéries, Dr. Freud, as incontroláveis intempéries...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Eu não quero e não vou me acostumar!


Fui para Ilha Grande no último feriado e acampei pela 1ª vez! Mesmo com todos que me conhecem dizendo que não existia possibilidades de eu gostar, eu AMEI... Fazer a própria comida com os recursos que você tem.. rs Tentar pescar o jantar e acabar comendo miojo é no mínimo divertido, sem falar que estar em contato com a natureza, acordar na praia, caminhar quilômetros por trilhas para descobrir outras praias não existe nada parecido! Quero voltar lá assim que possível! Recomendo ;)





As Aspas de hoje são de Clarice Lispector

Eu sei, mas não devia...


"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para tercom que pagar nas filas em que se cobra.

Agente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui,um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma"